
Carlos Fernandes e Valter Cardoso levaram o seu Mitsubishi Carisma GT a mais um triunfo na prova organizada pelo Clube de Motorismo de Setúbal. O triunfo do piloto de Sintra não sofre qualquer contestação, tal o domínio exercido face à concorrência.
A história de mais um sucesso de Carlos Fernandes no bilstein group Rallye das Camélias é fácil de contar.
O piloto de Sintra entrou ao ataque desde o primeiro quilómetro contra o cronómetro, registando vitórias nas duas especiais da seção inaugural matinal (Parque Natural Sintra/Cascais (11,66km) e Codeçal (7,99km)) e continuando a dominar na sessão da tarde, vencendo a dupla passagem por Tapada Mafra (11,33km), chegando assim à parte final do rali (percorrida no fecho de tarde e no início da noite) com um robusto avanço de 41,5 segundos sobre André Cabeças e Miguel Castro, com estes a estarem a protagonizar uma prova em crescendo, levando o Ford Fiesta R5 a galgar posições.

Bem perto do piloto da Shore, um trio discutia taco-a-taco um lugar no pódio.
Pedro Clarimundo, navegado por Mário Castro, rodava então a apenas 12,7 segundos de cabeças, mas o piloto do Skoda Fabia R5 tinha ‘à perna` um endiabrado João Rodrigues, que estava a protagonizar, juntamente, com o seu navegador Bruno Carvalho, uma exibição de luxo aos comandos de um Renault Clio Rally4, com o qual para além de estar a discutir a geral, ousava ainda dominar por completo a questão das 2RM.
Entre Clarimundo e Rodrigues a diferença era de apenas 4,3 segundos e ainda tinham de olhar de forma bem atenta para os ‘mundialistas’ Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva, que, usando o histórico Mitsubishi Lancer EVO III, estavam, como é seu apanágio, a discutir olhos nos olhos com as duplas dos carros mais recentes e competitivos, quedando-se a uns mínguos 1,8 segundos de João Rodrigues e a 6,1 de Pedro Clarimundo, apesar dos problemas que tinham sentido com a caixa de velocidades na fase inicial do rali. E o melhor de Rui Madeira ainda estava para vir...
O desfecho da prova teria como cenário a mítica especial de Sintra (9,68km), percorrida duas vezes, a espaços debaixo de alguma chuva e, sobretudo na segunda passagem, com o nevoeiro a aparecer para tornar a missão ainda mais árdua e completar o clima de nostalgia de momentos é picos vividos nesta especial décadas atrás.

Se, na liderança, Carlos Fernandes entrou em modo de gestão e, levantando um pouco o pé, ultrapassou as dificuldades sem problemas, arribando aos Jardins do Casino do Estoril para comemorar mais uma vitória nas Camélias, na estrada os muitos milhares de espetadores assistiram a um recital de Rui Madeira.
O apaixonado piloto que deu a Portugal a primeira Taça do Mundo de Grupo N de Ralis, venceu os dois troços de forma sublime, saltando da 5ª posição para o 2º lugar da geral final, a que juntou ainda o triunfo entre os Históricos. E, mesmo sabendo que Carlos Fernandes esteve a controlar, é de realçar que Rui Madeira ‘devorou’ 32,6 segundos da desvantagem que tinha para os líderes e futuros vencedores, chegando ao Estoril a apenas 27,7 segundos. Notável!
Logo atrás, Pedro Clarimundo assegurava com dificuldade o último degrau do pódio absoluto, terminando a 48,1 segundos de Carlos Fernandes, tendo bem perto João Rodrigues, que viu o pódio à geral fugir-lhe por apenas 5,4 segundos, mas juntou a um excelente 4º lugar absoluto, uma vitória musculada entre as equipas que discutiram o triunfo nas 2RM. A exibição do piloto de Mafra com o Clio foi mais uma demonstração de que merece uma oportunidade no CPR2RM.

Já André Cabeças, piloto da Shore, sentiu muitas dificuldades no nevoeiro que se instalou na serra, mercê de uma má escolha nos faróis utilizados, caindo de 2º para 5º.
Logo atrás, o 6º lugar foi reclamado por mais um dos pilotos em destaque nas Camélias. Diogo Mil-Homens ‘voou baixinho’ com o seu bem preparado Toyota Starlet, reclamando ainda o 2º lugar nas duas rodas motrizes, pecúlio mais do que merecido para os ‘milagres’ que o piloto navegado por Pedro Oliveira faz aos comandos do pequeno carro nipónico.
Nesta refrega das 2RM, o pódio ficou completo com o Renault Clio Sport de Carlos Neves e João Reis, sempre muito consistentes e competitivos ao longo do rali, sendo disso também reflexo terem alcançado um muito positivo 8º lugar da geral.
Concluíram 49 das 65 equipas que alinharam à partida. Um naipe de participantes em quantidade e muita qualidade, que premiou a excelente organização do Clube de Motorismo de Setúbal e o esforço tremendo feito pelo clube sadino, juntamente com as autarquias de Cascais, Mafra e Sintra e os seus patrocinadores, para montar esta edição muito especial, dedicada ao malogrado Luís Caramelo, figura importante no regresso desta prova única no carisma e na relevância para os amantes da modalidade, que, aliás, corresponderam em grande número, contribuindo assim para o sucesso da prova.
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