O sucesso do projeto confirma o compromisso com o desenvolvimento de uma tecnologia inovadora a célula de combustível e bateria híbrida sem emissões, oferecendo uma alternativa competitiva em relação aos comboios a diesel no atual processo de descarbonização da operação ferroviária.
O desenvolvido do projecto com um orçamento de 14 milhões de euros através de um consórcio constituído pela CAF, DLR, Toyota, Renfe, Adif, CNH2, IP e Stemmann Technik chegou ao fim, coincidindo com a feira Rail Live 2024, que se realiza por estes dias na cidade de Saragoça, onde realizou-se o evento de encerramento do projecto FCH2Rail. Durante os últimos quatro anos, o projeto desenvolveu um comboio demonstrador de célula de combustível de dois modos de hidrogénio, e que foi testado nas redes ferroviárias espanhola e portuguesa.
O evento iniciou-se com uma apresentação sobre o desenvolvimento do projeto e um resumo das principais conquistas e marcos obtidos ao longo dos 4 anos de testes. A Diretora de Estratégia Global da Renfe, Paloma Baena, Jose Conrado e Iosu Ibarbia, CTOs da Adif e CAF, e Emilio Nieto, diretor do CNH2, discutiram em mesa redonda os resultados e as conclusões estratégicas do Projeto FCH2RAIL.
De seguida, foi feito um passeio no comboio a hidrogénio, em que os convidados puderam vivenciar uma viagem no comboio a hidrogénio entre o Instalações da CAF em Saragoça e na estação ferroviária de Villanueva de Gállego. O evento contou ainda com a presença de Valerie Bouillon-Delporte, diretora da Clean Hydrogen Partnership, bem como os principais executivos das empresas envolvidas no projeto e outras empresas que o apoiaram ativamente.
O projecto FCH2RAIL teve uma duração de 4 anos e um orçamento superior a 14 milhões de euros, dos quais cerca de 70% foram financiados com fundos europeus.
Iniciado em janeiro de 2021, quando a FCH JU (agora substituída pela Clean Hydrogen Partnership), a agência da Comissão Europeia para promover o desenvolvimento do hidrogénio e células de combustível selecionou a proposta FCH2RAIL, o objetivo do projeto foi o desenvolvimento de um protótipo de um comboio inovador movido a hidrogénio, tendo conseguido com sucesso pelos parceiros do projeto CAF, DLR, RENFE, TOYOTA MOTOR EUROPE, ADIF, IP, CNH2 e Stemmann Technik.
O chamado Fuel Cell Hybrid PowerPack foi desenvolvido e fabricado para se adaptar a um dos comboios suburbanos existentes, fornecidos pela Renfe. Este sistema inovador de geração a energia com emissões zero utiliza energia elétrica proveniente de células de combustível baterias de hidrogénio e LTO, um conceito de veículo que pode, portanto, circular em infraestrutura eletrificada e em modo híbrido em troços da rede sem catenária. Este é o primeiro comboio de demonstração com células de combustível de hidrogénio na Península Ibérica.
A primeira fase do projeto, iniciada em 2021, consistiu no desenvolvimento da solução para instalar todo o sistema gerador de energia e integrá-la no sistema de tração existente do veículo.
Para tal, o Fuel Cell Hybrid PowerPack foi testado fora do veículo, validando-o e optimizar o funcionamento do sistema de gestão de energia. Uma vez terminado, e realizada a instalação os testes estáticos da unidade começaram em 2022 na fábrica da CAF Zaragoza, onde foram testados tanto a correta instalação e integração do novo sistema, como verificando todas as interfaces e o seu correto funcionamento, avaliando também o estanquicidade do sistema de hidrogénio com o primeiro reabastecimento e, por conseguinte, a alimentação das células de combustível.
Em meados de 2022, iniciaram-se os testes dinâmicos da unidade, primeiro em via fechada, o que serviu para otimizar o novo sistema e equipamentos, para posteriormente iniciar os testes em rota externa, simulando o serviço comercial e, portanto, testando o novo sistema numa vasta gama de condições de procura de energia.
Um dos grandes marcos do projeto foi a obtenção de autorização para circular em testes na rede nacional espanhola e a saída do veículo para realizar o seu primeiro passeio detestes na linha Saragoça-Canfranc, nos Pirenéus Aragoneses. Isto marcou a primeira autorização da Adif para circulação em testes do comboio a hidrogénio na RFIG (Rede Ferroviário de Interesse Geral), passando por todos os processos de análise e validação de risco de segurança inerente ao teste de novas tecnologias. A chegada do comboio à estação Canfranc demonstrou a fiabilidade da tecnologia utilizada, já que a rota de Saragoça a Canfranc é especialmente exigente devido às suas rampas íngremes e elevadas, o que era um importante desafio para os novos sistemas de geração de energia a bordo.
Para testar a nova tecnologia numa vasta gama de condições de potência e necessidades de energia, o comboio viajou posteriormente durante vários meses em diferentes rotas, principalmente em Aragão, Madrid e Galiza, em cenários que incluíam a operação em diferentes condições climatéricas e operacionais. No total, o protótipo viajou mais de 10.000 km no modo hidrogénio.
Foi durante a estadia do comboio na Galiza, que outro dos principais marcos da projecto aconteceu, com a passagem do comboio para Portugal. Isto permitiu uma caracterização mais completa da nova tecnologia, para uma posterior avaliação da competitividade da nova solução de propulsão com células de hidrogénio como alternativa sustentável à tração diesel que é utilizado hoje em muitas linhas, especialmente do interior.
Além disso, o Consórcio FCH2RAIL cumpriu outro objectivo fundamental do mesmo que consistiu na participação em comités europeus de normalização ferroviária, com o objectivo de promover o desenvolvimento de novas normas ou a atualização das existentes que proporcionar as condições necessárias para a inclusão da tecnologia do hidrogénio e células de combustível na rede ferroviária europeia.
Com tudo isto, o sucesso alcançado pelo projeto apenas confirma e reforça a aposta das empresas que formam o consórcio FCH2Rail no desenvolvimento de soluções de mobilidade amiga do ambiente. Neste contexto, é de destacar o crescente interesse de numerosas autoridades de transportes públicos e privados dentro e fora da UE para conhecer mais sobre esta tecnologia.
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