
O México e o Canadá foram o segundo e quinto maiores países de origem de veículos novos vendidos nos EUA em 2024 sendo que 11 fabricantes de automóveis produzem atualmente veículos nesses países e vendem-nos nos EUA.
Outro dado importante é que o volume de veículos provenientes destes dois países vizinhos aos EUA aumentou 7% em termos homólogos em 2024, aumentando para 2,9 milhões unidades
Poucas semanas depois de ter tomado posse, a administração Trump agiu para abalar o status quo do comércio global, impondo tarifas significativas sobre as mercadorias que entram nos Estados Unidos vindas do estrangeiro.
A partir de terça-feira, 4 Fevereiro, os EUA impuseram tarifas de 10% sobre os produtos chineses – provocando retaliações imediatas por parte de Pequim – prevendo-se novas tarifas sobre alguns dos parceiros comerciais mais próximos do país, incluindo o Canadá e o México.
Em 2024, as vendas de veículos ligeiros novos nos EUA totalizaram 16,1 milhões de unidades, sendo que só 61% das quais são fabricadas localmente.
“Enquanto a situação está em constante evolução, a imposição de tarifas aos parceiros comerciais mais próximos dos Estados Unidos terá um grande impacto na indústria automóvel na América do Norte, afetando os milhões de automóveis que entram no país vindos de mercados como Canadá, China e México todos os anos”,
afirmou Felipe Munoz, Analista Global da JATO Dynamics. De acordo com a JATO Dynamics, estes três países foram responsáveis por 18% do total das vendas de veículos novos nos EUA em 2024, ou seja, praticamente um quinto dos automóveis vendidos nos EUA tiveram origem nestes dois países.

México: um centro importante de produção e exportação de veículos
O México é o segundo maior país de origem de veículos novos vendidos nos EUA e um importante centro de produção e exportação de muitas montadoras globais. De acordo com os dados da JATO Dynamics, as vendas de novos veículos ligeiros de fabrico mexicano nos EUA totalizaram 2,19 milhões unidades em 2024, ou 14% do mercado total. O volume de vendas aumentou 13% em termos homólogos, em contraste com o crescimento de 1,7% registado por veículos fabricados nos EUA, reflectindo a importância do país para a indústria automóvel da região em geral.
O país latino-americano é também o maior país de origem dos automóveis vendidos pelo Grupo Volkswagen nos EUA, sendo responsável quase metade (44%) do total das suas vendas no país em 2024. Da mesma forma, o México foi o segundo maior país de origem de veículos comercializados nos EUA pela Stellantis, Nissan, Mazda, Honda e Ford.
“Com quatro dos seus cinco modelos mais vendidos nos EUA no ano passado fabricados em fábricas mexicanas, o Grupo Volkswagen é o fabricante automóvel mais exposta à imposição de tarifas sobre os produtos mexicanos”, comentou Munoz.
Carros fabricados no Canadá perdem tração
A importância do México para os fabricantes de automóveis que operam nos EUA contrasta fortemente com a diminuição da influência do Canadá, que foi o quinto maior país de origem dos automóveis vendidos nos EUA em 2024.
“No ano passado, mais automóveis vendidos nos EUA vieram da União Europeia do que do Canadá e o país é origem de uma gama limitada de modelos, do universo de todos aqueles que são vendidos no EUA”, destacou Munoz.
No entanto, os automóveis fabricados no Canadá representaram 18% das vendas totais da Toyota nos EUA no ano passado, seguidos pela Stellantis com 14%. Apenas 5% dos veículos Ford vendidos nos EUA no ano passado vieram de uma fábrica no Canadá.
Será a União Europeia a próxima vítima?
No ano passado, as vendas de veículos ligeiros de passageiros nos EUA provenientes de fábricas da União Europeia (UE) ascenderam a mais de 820.000 unidades, mais do que o total de vendas de automóveis fabricados no Canadá. Três grupos de fabricantes automóveis alemães – Grupo Volkswagen, Mercedes Benz e Grupo BMW – representaram 73% deste total, embora o México, como já dito, tenha sido o maior país de origem dos veículos do Grupo Volkswagen nos EUA. A UE é o maior país de origem dos veículos Mercedes-Benz vendidos nos EUA. Enquanto isso, a Geely – proprietária da Volvo – vendeu 135.300 veículos novos nos EUA no ano passado, dos quais 110.000 vieram da UE.
Separadamente, foram vendidos 56.800 veículos fabricados na China nos EUA em 2024, dando ao país uma quota de mercado de apenas 0,35%.
“Os EUA estão impondo restrições severas aos veículos fabricados na China, apesar do papel e praticamente insignificante que o país asiático desempenha no mercado automóvel americano”, destacou Munoz.
“Embora seja difícil prever o que a administração Trump fará a seguir do ponto de vista comercial, as medidas tomadas até agora no primeiro mês de mandato do governo são um sinal do que está para vir. Importar carros para os EUA vai tornar-se mais difícil a todos os níveis, e a União Europeia deve estar preparada para futuras restrições ao comércio”, concluiu Munoz.
Comments