
Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
1 de out.



Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
15 de set.













Há seis décadas, a marca italiana ousou expor apenas a estrutura mecânica de um futuro modelo. Daquele gesto radical nasceu o Miura — e com ele, o conceito moderno de supercarro.
Em novembro de 1965, no Salão de Turim, o público não se reuniu em torno de carrocerias polidas ou cores raras. O centro das atenções foi um chassis exposto a nu: chapa dobrada, perfurações para alívio de peso e um V12 montado transversalmente na traseira. Não era um protótipo de competição, mas a base do automóvel que viria a redefinir a própria ideia de desportivo de estrada — o Lamborghini Miura.
Em 2026, a marca assinala os 60 anos desse momento fundador com celebrações e um tour oficial Polo Storico.
A génese deste projeto remonta ao verão de 1964, impulsionada por três jovens engenheiros — Giampaolo Dallara, Paolo Stanzani e Bob Wallace — empenhados em levar ADN de competição para os modelos de estrada. A ambição enfrentou inicialmente ceticismo dentro da empresa, mas Ferruccio Lamborghini acabaria por autorizar o desenvolvimento interno do projeto L105. O resultado foi o chassis P400: leve, compacto e concebido como manifesto técnico para um gran turismo sem precedentes.
Apresentado a 3 de novembro de 1965, ao lado do 350 GT e do 350 GTS, o chassis assumia-se mais como esqueleto do que como automóvel. Construído em aço de 0,8 mm, com tubagem central estrutural e subestruturas dianteira e traseira, pesava apenas 120 kg. Suspensão de triângulos sobrepostos, travões de disco Girling e jantes Borrani aproximavam-no da engenharia de competição. A integração inédita de motor e caixa num único conjunto compacto, colocado atrás do habitáculo, tornou-se o elemento-chave na arquitetura que viria a definir o supercarro moderno.



A ausência de carroçaria amplificou o impacto. Durante o Salão, representantes dos principais carroçadores italianos passaram pelo stand da Lamborghini, mas seria Nuccio Bertone a propor a estética que materializaria o conceito mecânico ali revelado. Dessa aproximação informal nasceu a parceria que permitiria ao chassis exposto tornar-se automóvel completo. Em março de 1966, no Salão de Genebra, surgia finalmente o Miura — e com ele, o termo supercar.
Sessenta anos depois, a Lamborghini prepara um ano inteiro de comemorações. A marca revisita o instante em que decidiu mostrar o que, habitualmente, se esconde. A partir daquele chassis preto acetinado, com doze cornetas verticais e quatro saídas de escape brancas, nasceu uma linguagem de performance e desenho que marcou a história do automóvel para sempre.



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