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Editorial: Roubo em postos elétricos deixa alerta real para o futuro da mobilidade

  • Foto do escritor: Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
    Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
  • 12 de out.
  • 3 min de leitura

Editorial: Roubo em postos elétricos deixa alerta real para o futuro da mobilidade

Nos últimos anos, ouvimos discursos entusiasmados sobre a transição energética, a mobilidade sustentável e a eletrificação das estradas. Fala-se em futuro limpo, em autonomia crescente e em cidades mais inteligentes. Mas há uma pergunta que, sinceramente, começa a incomodar-me: como construir esse futuro se nem sequer conseguimos protegê-lo no presente?


A operação recente da (GNR), que desmantelou uma rede criminosa responsável por mais de 100 furtos de cabos e componentes de postos de carregamento elétrico em diversas regiões do país, foi um choque necessário. Mostrou-nos que a transição energética não é apenas um desafio tecnológico ou político — é também um desafio de segurança e infraestrutura crítica.


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Um crime com impacto silencioso

A destruição e o roubo de equipamentos de carregamento não são meros atos de vandalismo. Têm um impacto direto na confiança dos utilizadores, nos custos de manutenção e, sobretudo, na viabilidade económica do ecossistema elétrico. Para quem investe em pontos de carregamento — sejam empresas privadas, municípios ou operadores — cada episódio destes representa prejuízos de milhares de euros e semanas de interrupção no serviço. E cada interrupção alimenta a desconfiança de quem ainda hesita em comprar um veículo elétrico.


Mais grave ainda: ao contrário do que muitos imaginam, não são apenas cabos que desaparecem. Equipamentos internos sofisticados, placas eletrónicas e sistemas de controlo são frequentemente retirados e revendidos no mercado paralelo, muitas vezes fora do país.


É crime organizado, não simples vandalismo.


Infraestrutura crítica tratada como secundária

A verdade desconfortável é que tratamos a rede de carregamento — uma infraestrutura absolutamente vital para a mobilidade elétrica — como se fosse mobiliário urbano comum.


Os postos estão muitas vezes sem videovigilância, sem proteção física adequada e sem sistemas de monitorização em tempo real. É difícil imaginar esta falta de cuidado num posto de combustível tradicional, e no entanto é a realidade em muitas cidades portuguesas no que toca aos elétricos.


Se queremos que o carregamento elétrico seja encarado com a mesma confiança com que sempre se olhou para uma bomba de combustível, então a proteção destes equipamentos tem de subir de patamar. E depressa.


Investir vale a pena — mas exige responsabilidade coletiva

Pergunto-me muitas vezes se, perante este cenário, investir em postos de carregamento em Portugal continua a ser uma decisão racional. A resposta é sim — mas com um asterisco: precisamos de segurança proporcional à importância do sistema.

Isso significa, entre outras coisas:

  • Incentivar a instalação de videovigilância inteligente e monitorização remota em todos os pontos públicos.

  • Criar tipificações penais mais severas para o roubo e vandalismo de infraestrutura elétrica.

  • Ligar as forças de segurança aos operadores para respostas mais rápidas e eficazes.

  • Promover campanhas públicas para alertar a sociedade de que estes crimes não afetam “o Estado” ou “as empresas” — afetam diretamente a transição energética e o futuro coletivo.

A eletromobilidade não pode ser vulnerável

O furto em postos de carregamento não é apenas um problema de segurança — é um sinal preocupante de fragilidade num sistema que ainda está a dar os primeiros passos. E se não for resolvido agora, corre o risco de se tornar um travão perigoso para o avanço da mobilidade elétrica em Portugal.


Como sociedade, temos de decidir se queremos uma transição energética robusta, confiável e segura — ou se vamos continuar a construir o futuro com os alicerces frágeis do improviso.


Porque no final, não basta ter carros elétricos mais eficientes e baterias mais rápidas. Sem uma infraestrutura protegida, todo o discurso sobre o futuro sustentável pode parar… no meio da estrada.

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