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Diferenciais: o coração invisível da tração

  • Foto do escritor: Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
    Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
  • há 6 minutos
  • 4 min de leitura

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Do Abarth 600e Scorpionissima aos 4x4 extremos, conheça os tipos e funções deste componente essencial


O diferencial é, muitas vezes, o elemento mais subestimado, mas absolutamente vital, na mecânica de qualquer veículo. Em termos simples, é o componente que permite que as rodas do mesmo eixo girem a velocidades diferentes – uma necessidade física incontornável sempre que um automóvel descreve uma curva. No entanto, dependendo se conduzimos um citadino económico, um SUV robusto ou um hot-hatch elétrico como o Abarth 600e Scorpionissima, o tipo de diferencial utilizado assume um papel estratégico.


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A nossa experiência recente ao volante do Abarth 600e Scorpionissima, equipado com um diferencial Torsen, fez-nos refletir sobre como esta tecnologia evoluiu e qual o seu papel crucial na performance e segurança. Preparamos aqui um guia detalhado sobre os tipos de diferenciais mais utilizados no panorama automóvel atual, desde o mais comum ao mais tecnológico.


Mas afinal, o que é um diferencial e por que razão há tantos tipos diferentes? Mais do que um simples conjunto de engrenagens, o diferencial é o componente que torna possível o movimento suave e controlado das rodas motrizes, ajustando-se às diferenças de velocidade entre elas em curva ou em superfícies com aderência desigual.


Sem o diferencial, um carro literalmente “lutaria contra si próprio” ao virar, forçando pneus e transmissões. Contudo, conforme o tipo de veículo — citadino, desportivo, SUV ou todo-o-terreno —, o tipo de diferencial muda completamente o seu comportamento em estrada e fora dela.


O princípio básico: dividir binário e permitir diferença de rotação

Em qualquer automóvel, o diferencial tem duas funções fundamentais:

  1. Distribuir o binário (torque) proveniente do motor entre as rodas motrizes.

  2. Permitir que cada roda gire a velocidades diferentes, especialmente em curva.


Sem este mecanismo, a roda interior — que percorre um arco menor — derraparia ou travaria o movimento da exterior, gerando desgaste e instabilidade. O tipo de diferencial utilizado define como e quanto essa diferença é permitida ou controlada.


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Tipos mais comuns de diferenciais e as suas aplicações


O Diferencial Aberto (Open Differential)

O diferencial aberto é a forma mais básica e mais comum de diferencial, encontrado na grande maioria dos automóveis utilitários e familiares (em Portugal, nos modelos mais populares da Dacia, Renault, Hyundai, etc.).

  • Função: Permite que as rodas girem a velocidades distintas em curva.

  • Aplicação: Veículos de uso diário, com foco em conforto, baixo custo e eficácia em estrada pavimentada.

  • A Grande Limitação: O sistema envia a maioria do binário para a roda com menor aderência. Isto é um problema em pisos escorregadios (gelo, lama ou areia), pois a roda que patina recebe toda a potência, enquanto a roda com tração fica imóvel.


Diferencial de Deslizamento Limitado (LSD – Limited-Slip Differential)

O LSD é uma evolução direta do diferencial aberto, desenvolvido para mitigar a sua principal falha. O seu objetivo é limitar a diferença de velocidade entre as duas rodas, garantindo que alguma potência seja sempre transmitida à roda com maior tração.


Tipos da Esq. para a Dir. (Aberto, LSD Torsen, e-LSD Controlo de Travagem e Bloqueio total off-road)
Tipos da Esq. para a Dir. (Aberto, LSD Torsen, e-LSD Controlo de Travagem e Bloqueio total off-road)

Diferencial Mecânico Torsen (O Escolhido no Abarth 600e Scorpionissima)

O Torsen (Torque-Sensing) é o exemplo mais puro de um LSD mecânico, utilizado no nosso Abarth 600e Scorpionissima.

  • Qualidade Individual: É um diferencial sensível ao binário, que utiliza engrenagens helicoidais e de parafuso sem-fim. Não requer eletrónica, bombas ou discos de embraiagem para funcionar.

  • Aplicação: Carros desportivos FWD de alta performance (como o Abarth), onde a resposta instantânea e o "sentimento" mecânico são valorizados.

  • Vantagem no Abarth 600e: Com 280 CV a atuar no eixo dianteiro, o Torsen é vital. Garante que, ao sair de uma curva em aceleração máxima, o binário não se perca em fumo (patinagem da roda interior), mas seja transferido para a roda exterior (com mais tração), resultando numa saída de curva mais rápida e precisa – algo que comprovámos nos nossos testes.


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Diferenciais de Embraiagens (Clutch-Type LSD)

São usados em muitos desportivos de tração traseira e tração integral, como nos BMW M.

  • Qualidade Individual: Usam conjuntos de embraiagens e molas. A percentagem de bloqueio pode ser ajustada, permitindo que a performance seja afinada para diferentes tipos de desempenho.

  • Aplicação: Desportivos e de utilização em drift, de pista, e veículos off-road de alta exigência.


Diferenciais Eletrónicos e de Vectorização de Binário

A eletrificação e a gestão sofisticada da dinâmica do veículo trouxeram sistemas que simulam ou controlam ativamente a distribuição de potência


e-LSD com Controlo de Travagem (Brake-Based Torque Vectoring)

É a solução mais comum em carros desportivos e crossovers modernos (como alguns Peugeot ou modelos do Grupo VW), e que compete diretamente com a filosofia mecânica do Torsen.

  • Função: Utiliza o Controlo Eletrónico de Estabilidade (ESC) e os travões. Quando uma roda começa a patinar, o sistema trava ligeiramente essa roda.

  • Qualidade Individual: É uma solução leve e barata que simula o efeito de um LSD. Ajuda o carro a "apertar" a curva ao travar a roda interior.

  • Aplicação: Automóveis desportivos e crossovers que privilegiam a segurança e a integração com o ESC.


Diferenciais Ativos Controlados Eletronicamente

Encontrados em modelos de luxo e alta performance (ex: Audi RS), estes usam um pack de embraiagens e um atuador eletrónico para pré-definir a percentagem de bloqueio de forma contínua e em tempo real, baseada em dados como o ângulo da direção e a aceleração.

  • Vantagem: Permite que o diferencial seja agressivo em pista e suave em autoestrada, alterando-se em milissegundos.

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O Diferencial no Off-Road

Em veículos 4x4 puros, a capacidade de tração é tudo.

  • Bloqueio Total do Diferencial (Locking Differential): Usado em veículos off-road extremos (como o Jeep Wrangler ou Land Rover Defender). Estes sistemas forçam a ligação rígida das duas rodas do eixo, fazendo-as girar à mesma velocidade, independentemente da tração. É uma solução indispensável para sair de situações de axle articulation onde uma roda perde todo o contacto com o solo.


Resumo do Diferencial no Abarth 600e Scorpionissima

O facto de a Abarth ter escolhido o Diferencial Mecânico Torsen para gerir os 280 CV do 600e Scorpionissima sublinha que, mesmo na era elétrica, a marca não abdica da precisão mecânica e da resposta visceral que definem um verdadeiro veículo desportivo. É a tecnologia que transforma a potência em eficácia e que nos permitiu extrair o máximo prazer de condução deste hot-hatch elétrico.


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