
Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
1 de out.



Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
15 de set.













A Nissan encerrou outubro de 2025 com recuos simultâneos na produção, vendas e exportações, num cenário em que a fraqueza do mercado japonês e a quebra acentuada das saídas a partir do Japão anulam os sinais de recuperação em mercados-chave como China, México e Europa.
A produção global da Nissan em outubro caiu 3,9% face ao mesmo mês de 2024, para 276.323 veículos. No acumulado de janeiro a outubro, o recuo é ainda mais expressivo: menos 7,1%, para 2.451.800 unidades, um sinal claro de abrandamento face ao ano anterior.
O grande ponto fraco continua a ser o Japão:
Produção em Japão (outubro): 52.053 veículos, queda de 19,3%.
Janeiro–outubro: 477.239 unidades, menos 12,5% que em 2024.
A fabricação doméstica perde ritmo sobretudo nos veículos de passageiros (–20% em outubro e –14,3% no acumulado), enquanto os comerciais mostram algum fôlego (+6,3% no ano), mas insuficiente para compensar a quebra no grosso do portefólio.
Fora do Japão, o quadro é menos negativo:
Produção fora do Japão (outubro): 224.270 unidades, +0,6% ano contra ano.
Janeiro–outubro: 1.974.561 veículos, ainda assim –5,7% face a 2024.
Dentro deste bloco, destacam-se:
China:
Outubro: 65.413 veículos, um salto de +25,9%.
Janeiro–outubro: 504.191 unidades, ainda –5,4% face ao ano passado. A marca recupera volume no curto prazo, mas continua abaixo da cadência de 2024.
Reino Unido:
Outubro: +3,7%, para 27.662 unidades.
Janeiro–outubro: –8,8%, para 228.174 veículos.
Estados Unidos:
Outubro: 45.708 unidades, –4,2%.
Janeiro–outubro: 411.089, recuo de 10,7%.
México:
Outubro: 58.115 veículos, –17,4%, após meses de maior estabilidade.
Jan–outubro: 572.928 unidades, praticamente em linha com 2024 (–0,4%).
No agregado, o quadro é de desaceleração controlada fora do Japão, com a China a dar o sinal mais forte de retoma mensal, mas ainda sem inverter por completo a tendência negativa no acumulado.
As vendas globais da Nissan em outubro caíram 4,8%, para 258.517 unidades. No acumulado dos primeiros dez meses do ano, a marca soma 2.664.291 veículos, menos 4,1% do que em 2024.
O problema mais evidente está em casa:
Japão (incluindo kei-cars/miniveículos)
Outubro: 27.703 unidades, queda de 22,1%.
Janeiro–outubro: 346.610 veículos, recuo de 14,6%.
Dentro do mercado japonês, o segmento de passageiros de matrícula “normal” é o mais penalizado:
Veículos de passageiros registados (outubro): –31,6%.
Janeiro–outubro: –19,1%.
Curiosamente, os veículos comerciais mostram uma dinâmica diferente:
Outubro: –16,1%, pressionados pelo mês.
Janeiro–outubro: +14,2%, sinal de que o negócio profissional e de frotas mantém algum vigor, mesmo quando o cliente particular trava as compras.
Fora do Japão, a quebra é mais moderada:
Vendas fora do Japão (outubro): 230.814 unidades, –2,2%.
Janeiro–outubro: 2.317.681 unidades, –2,3% face a 2024.
Por região, os destaques são contrastantes:
América do Norte
Região (EUA + Canadá + México):
Outubro: 96.881 veículos, –9,3%.
Janeiro–outubro: 1.094.623, ligeiro +2,0% vs 2024.
EUA: praticamente estáveis no ano (778.120 vs 778.180 veículos), apesar da queda de 13,6% em outubro.
Canadá: +6,3% no acumulado, apesar de um outubro negativo (–13,5%).
México: em contraciclo, com +8,3% em outubro e +7,5% no ano, consolidando-se como mercado de crescimento para a marca.
Europa
Outubro: 23.638 unidades, +3,7%.
Janeiro–outubro: 283.375, ainda –5,2% face a 2024.A região dá sinais de recuperação mensal, mas mantém saldo negativo no acumulado.
China
Outubro: 67.855 veículos, +10,9%.
Janeiro–outubro: 524.993 unidades, –5,9%.Tal como na produção, a Nissan mostra uma viragem positiva no mês, ainda insuficiente para compensar a erosão do início do ano.
Outros mercados (América Latina fora do México, Ásia emergente, África, etc.)
Outubro: –6,2%.
Janeiro–outubro: –6,0%.Aqui, a pressão é mais estrutural, com recuos consistentes tanto no mês como no período acumulado.
Um dos dados mais significativos do relatório de outubro é o colapso das exportações japonesas:
Exportações a partir do Japão (outubro): 29.177 veículos, –28,0%.
Janeiro–outubro: 270.295 unidades, –15,9% face a 2024.
Por destino, a tendência é clara:
América do Norte:
Outubro: 12.114 veículos, –44,5%.
Janeiro–outubro: –30,3%.
Europa:
Outubro: 2.581 unidades, –54,9%.
Janeiro–outubro: –34,8%.
Outros mercados:
Outubro: +12,0%.
Janeiro–outubro: +12,5%, única região em crescimento nos fluxos de exportação a partir do Japão.
A combinação de produção em queda nas fábricas japonesas e de exportações em forte recuo para os dois principais destinos tradicionais (Europa e América do Norte) reforça a leitura de uma relocalização do fabrico para fábricas regionais, bem como de um ajustamento de portefólio e capacidade no Japão.
Da leitura cruzada dos dados de produção, vendas e exportações resultam várias tendências relevantes:
Japão como elo mais fraco: a queda simultânea na produção, nas vendas internas e nas exportações demonstra que o mercado doméstico deixou de ser motor de crescimento, passando a ser um foco de pressão sobre volumes e utilização de capacidade industrial.
Mercados externos como amortecedor: apesar de quedas pontuais em outubro, Norte-América, Europa e, sobretudo, México e China sustentam parte do volume global e evitam uma contração ainda maior nas vendas.
China em fase de retoma mensal: tanto em produção como em vendas, outubro mostra sinais fortes de recuperação de curto prazo, ainda com caminho a percorrer até regressar aos níveis de 2024.
Exportações em reposicionamento: a retração para EUA e Europa, acompanhada de crescimento em “Outros” mercados, sugere uma Nissan mais apoiada em produção regional e maior seletividade nos fluxos que partem do Japão.
Num contexto de transição tecnológica, pressão regulatória e grande competitividade em todos os grandes mercados, os números de outubro confirmam que a Nissan atravessa uma fase de ajustamento global, com o Japão em contra-ciclo e o resto do mundo a gerir uma recuperação gradual, ainda longe de um crescimento sustentado.
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