Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
1 de out.
Teste: smart #1 Brabus e quando a eletrificação encontra a performance num SUV compacto
- Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
- há 3 dias
- 8 min de leitura
O smart #1 Brabus representa um ponto de viragem claro na história recente da marca. Longe da imagem urbana minimalista que durante anos definiu a smart, este modelo assume-se como um SUV compacto elétrico de altas prestações, combinando design expressivo, tecnologia moderna e um nível de desempenho que surpreende mesmo os mais céticos. Ao longo do nosso teste, ficou evidente que esta versão Brabus não é apenas um exercício de estilo: é a interpretação mais radical e completa da nova fase da marca.
Design exterior, dimensões e proporções
Visualmente, o smart #1 Brabus distingue-se de imediato das restantes versões da gama. A frente apresenta para-choques específicos, entradas de ar mais marcadas e apontamentos em vermelho na zona inferior, elementos que reforçam o ADN desportivo sem cair no exagero. A assinatura luminosa LED, contínua e bem integrada, confere-lhe uma identidade moderna e facilmente reconhecível.
De perfil, as proporções são equilibradas para um SUV compacto:
Comprimento: cerca de 4,27 metros
Largura: 1,82 metros
Altura: aproximadamente 1,64 metros
As jantes exclusivas de 19 polegadas, combinadas com pneus de perfil adequado, ajudam a preencher as cavas de roda e a dar-lhe uma postura mais larga e musculada. O detalhe do logótipo smart no terceiro pilar reforça a nova linguagem estética da marca.
Na traseira, o conjunto é coeso e visualmente forte: spoiler superior bem integrado, faixa LED a toda a largura e acabamento inferior com assinatura Brabus e detalhes em vermelho. É, na nossa opinião, uma das traseiras mais bem resolvidas do segmento.
Plataforma e base técnica
O smart #1 Brabus assenta na plataforma SEA – Sustainable Experience Architecture, desenvolvida pelo grupo Geely. Esta é a mesma base utilizada por modelos como o Volvo EX30 e o Zeekr X, o que desde logo explica a maturidade estrutural do conjunto.
A bateria está posicionada no piso, entre os eixos, contribuindo para um centro de gravidade baixo e para uma melhor distribuição de massas — algo que se sente claramente em condução.
Motorização, bateria e desempenho
Tecnicamente, esta é a versão mais potente alguma vez produzida pela smart. O sistema combina dois motores elétricos, um no eixo dianteiro e outro no traseiro, garantindo tração integral AWD permanente.
Potência combinada: 315 kW (428 cv)
Binário máximo: 543 Nm
Transmissão: automática de relação única
A aceleração é um dos seus grandes cartões de visita:
0–100 km/h: 3,9 segundos
A bateria tem 66 kWh de capacidade bruta (cerca de 62 kWh úteis), com autonomia homologada WLTP próxima dos 400 km. Em carregamento rápido DC, aceita até 150 kW, permitindo recuperar de 10% a 80% em cerca de 30 minutos. Em AC, o carregador de bordo suporta até 22 kW.
Comparando com os restantes smart #1 da gama, o Brabus destaca-se claramente: enquanto as versões de motor único privilegiam eficiência e conforto, esta aposta sem reservas na performance, tanto em aceleração como em capacidade de tração.
Interior: tecnologia, ambiente e qualidade percebida
No interior, o smart #1 Brabus mantém a abordagem moderna da gama, mas acrescenta personalidade. Logo à entrada destacam-se as portas sem moldura nas portas dianteiras, um detalhe pouco comum no segmento e que eleva a perceção premium.
Os bancos específicos Brabus apresentam costuras vermelhas, logótipo bordado no encosto de cabeça e cintos de segurança vermelhos, reforçando o ambiente desportivo. O apoio lateral é eficaz sem comprometer o conforto.
O posto de condução é dominado por dois ecrãs, o painel de instrumentos digital de 9,2 polegadas e o ecrã multimédia central de 12,8 polegadas.
A interface é moderna, visualmente apelativa e bastante completa, concentrando praticamente todas as funções do veículo e requer algum tempo de conhecimento devido ao elevado nível de informação e configuração disponível. A consola central aposta num desenho limpo, com áreas de arrumação bem pensadas, praticamente todas elas com a possibilidade de serem fechadas, e materiais agradáveis ao toque.
O espaço a bordo é convincente para a categoria, tanto à frente como atrás, e o porta-bagagens, na versão Brabus, oferece cerca de 313 litros de capacidade, um valor ligeiramente inferior às restantes versões da gama devido à presença do subwoofer do sistema de áudio Harman Kardon instalado sob o piso. Ainda assim, continua a ser suficiente para uma utilização diária sem constrangimentos. Existe também um pequeno compartimento dianteiro — o chamado “frunk” — com cerca de 15 litros, particularmente útil para guardar os cabos de carregamento.
Suspensão, travões e comportamento dinâmico
A suspensão utiliza um esquema McPherson à frente e independente Multi-link atrás, com uma afinação que procura equilibrar conforto e controlo. Apesar do peso associado à bateria, o carro mantém-se estável e previsível em ritmos mais elevados.
O sistema de travagem recorre a discos ventilados à frente de 350 mm e discos atrás 302 mm.
Em conjunto com a travagem regenerativa, o resultado é uma resposta progressiva e segura, mesmo em condução mais exigente.
Dinamicamente, o #1 Brabus surpreende. A direção é direta, transmite confiança e permite explorar o chassis com segurança. Não é um desportivo puro, mas para um SUV compacto elétrico, o nível de envolvimento e eficácia é francamente elevado.
Em ambiente urbano, o smart #1 Brabus revela um lado surpreendentemente civilizado para um modelo com 428 cv. A entrega de potência é sempre imediata, mas facilmente doseável, permitindo uma condução suave no trânsito. A posição de condução elevada e a boa visibilidade facilitam manobras, enquanto o diâmetro de viragem contido ajuda em estacionamentos e ruas mais estreitas. A regeneração ajustável contribui para uma condução mais relaxada, permitindo muitas vezes dispensar o uso do pedal de travão em circulação citadina.
A suspensão mostra-se bem afinada para este contexto, filtrando lombas, empedrados e irregularidades sem transmitir impactos secos ao habitáculo. Como já referido, apesar do peso associado à bateria e ao sistema AWD, o carro sente-se equilibrado e previsível, com uma sensação geral de controlo que transmite confiança mesmo em pisos urbanos mais degradados.
Já em estrada, o smart #1 Brabus muda claramente de registo. A aceleração é fulgurante e as recuperações impressionam, tornando ultrapassagens rápidas e seguras. A tração integral garante excelente motricidade à saída de curva, mesmo quando se exige mais do conjunto, e a estabilidade em velocidades mais elevadas é superior ao que as dimensões compactas fariam prever. O baixo centro de gravidade, proporcionado pela bateria no piso, ajuda a conter a inclinação da carroçaria e a manter o carro bem assente.
Em percursos mais sinuosos, não é um desportivo puro — e não pretende sê-lo —, mas o comportamento é eficaz e seguro. A direção, é direta e coerente, permitindo colocar o carro com precisão em qualquer abordagem mais exigente. Em suma, em estrada, o #1 Brabus impressiona mais pela facilidade com que anda depressa do que por uma abordagem puramente desportiva.
Consumos e utilização real
Durante o nosso ensaio, registámos um consumo combinado que variou entre 18 e 19 kWh/100 km.
Isto traduz-se numa autonomia real entre 300 e 350 km, dependendo do ritmo e do tipo de percurso — valores coerentes para um elétrico com esta potência e tração integral, reiterando que por momento abusamos um pouco do smart #1, naturalmente, e que com uma condução mais natural e não sujeita aos testes que realizamos, chega facilmente aos 400 km de autonomia anunciados.
Concorrência e posicionamento de mercado
No mercado, o smart #1 Brabus posiciona-se num território muito específico. Concorre diretamente com propostas como o Volvo EX30 nas versões mais potentes e aproxima-se, em filosofia, de modelos mais generalistas como o Peugeot e-2008 ou o Jeep Avenger Electric, mas diferencia-se claramente pela performance e pelo carácter.
Face às restantes versões do smart #1, o Brabus é menos racional, mas muito mais emocional — e é precisamente aí que reside o seu apelo.
No que respeita ao preço, a versão mais desportiva do smart #1 — a Brabus AWD com 428 cv — encontra-se no mercado português com valores a rondar os 51 950 €. A gama smart #1 apresenta um leque de opções e valores que parte de cerca de 36 500 € na versão de acesso, com autonomias e potências bem mais moderadas.
Este posicionamento coloca o smart #1 Brabus contra rivais elétricos compactos que também combinam tecnologia avançada com propostas de performance ou versatilidade urbana. Como seu concorrente mais relevante (em termos de posicionamento), o Volvo EX30, igualmente baseado em plataforma elétrica (a mesma) moderna e reconhecido por condução refinada, acabamento premium e tecnologia de bordo; as versões de acesso desse modelo começam num patamar de preço que se aproxima da zona dos 40 000 €, subindo consoante especificação e equipamento, o que os coloca no mesmo universo de compra de quem pondera um smart #1 Brabus.
Dentro da própria gama smart #1, o Brabus destaca-se não apenas pelo desempenho (428 cv e 0–100 km/h em 3,9 s), mas também pelo posicionamento de preço e proposta técnica face às variantes como a Premium com cerca de 272 cv e autonomia maior (~440 km WLTP) ou a Pulse AWD de 368 cv, que oferecem compromissos entre autonomia, performance e custo. Estes diferentes níveis de equipamento permitem ao smart #1 abranger perfis variados de cliente — desde quem procura eficiência e autonomia até quem quer desempenho sem abdicar da praticidade.
Conclusão
O smart #1 Brabus é a prova de que a nova smart deixou definitivamente para trás o papel de marca exclusivamente urbana. Este é um SUV compacto elétrico com performance de verdadeiro desportivo, design marcante e uma base técnica sólida.
Não é o mais eficiente nem o mais acessível da categoria, mas é, sem dúvida, um dos mais entusiasmantes. Um modelo que aposta na emoção sem abdicar da tecnologia e da versatilidade — e que mostra até onde pode ir a eletrificação quando bem executada.
Artur Semedo - Editor de Veículos PUBLIRACING
Pontos-Chave para Avaliação de Veículos
Motorização e Desempenho
Potência, torque, aceleração, resposta em diferentes cenários (cidade, estrada, ultrapassagens).
Consumo / Eficiência Energética
Média de consumo (l/100 km ou km/l) ou eficiência elétrica (kWh/100 km).
Autonomia
Fundamental em elétricos e híbridos plug-in, mas também importante em combustão (tamanho do tanque, consumo real).
Conforto e Ergonomia
Qualidade dos bancos, espaço interno, nível de ruído, suspensão, facilidade de acesso e posição de condução.
Tecnologia e Conectividade
Infotainment, integração com smartphone, atualizações OTA, assistentes virtuais, personalização digital.
Segurança
Sistemas ADAS (travagem automática, ACC, manutenção de faixa, monitorização de fadiga), número de airbags, estrutura e testes de colisão.
Travagem e Estabilidade
Qualidade dos travões, distância de travagem, comportamento em curvas, controle de tração e estabilidade.
Espaço e Funcionalidade
Porta-malas, espaço para ocupantes, modularidade dos bancos, porta-objetos e usabilidade no dia a dia.
Design e Acabamento
Estilo exterior, qualidade de materiais no interior, atenção ao detalhe e percepção de valor.
Custo-Benefício
Preço em relação ao que oferece, garantia, custo de manutenção, valor de revenda.
Veja também os nossos vídeos exclusivos com o smart #1 Brabus
Apresentação
Design & Exterior
Interior & Tecnologia (1 e 2)
Teste Dinâmico
Resumo e Avaliação Final
Vídeos do teste realizado
(Artur Semedo, editor de Veículos, com participação especial de Keller Carvalho)
Apresentação | |
Design & Exterior | |
Interior & Tecnologia (1 e 2 ) | |
Teste Dinâmico | |
Resumo e Avaliação Final |
Ficha Técnica — smart #1 Brabus
Dados gerais
Característica | Especificação |
Modelo | smart #1 Brabus |
Segmento | SUV compacto 100% elétrico |
Plataforma | SEA – Sustainable Experience Architecture (Geely) |
Tração | Integral (AWD) |
Transmissão | Automática, relação única |
Motorização
Característica | Especificação |
Tipo de motores | Dois motores elétricos síncronos de ímanes permanentes (um por eixo) |
Potência máxima combinada | 315 kW (428 cv) |
Binário máximo | 543 Nm |
Bateria, autonomia e carregamento
Característica | Especificação |
Bateria | 66 kWh (≈ 62 kWh úteis) — tipo NMC (níquel-manganês-cobalto) |
Autonomia WLTP (combinada) | 400 km (350 em nosso teste) |
Consumo combinado WLTP | 18,2 kWh/100 km (18,8 KWh/100 km em nosso teste) |
Carregamento AC | Até 22 kW (carregador de bordo) |
Carregamento DC | Até 150 kW (10% a 80% em aprox. 27–30 min) |
Desempenho
Característica | Especificação |
0–100 km/h | 3,9 segundos |
Velocidade máxima | 180 km/h (limitada eletronicamente) |
Dimensões e massas
Característica | Especificação |
Comprimento | 4 270 mm |
Largura | 1 822 mm |
Altura | 1 636 mm |
Distância entre eixos | 2 750 mm |
Peso aproximado (tara) | 1 820 kg |
Suspensão, travões e chassis
Característica | Especificação |
Suspensão dianteira | Independente McPherson |
Suspensão traseira | Independente multi-link |
Travões dianteiros | Discos ventilados – 350 mm |
Travões traseiros | Discos sólidos – 302 mm |
Interior e tecnologia
Característica | Especificação |
Painel de instrumentos | Digital, 9,2 polegadas |
Ecrã multimédia central | Touchscreen, 12,8 polegadas |
Sistema de áudio | Premium com 13 altifalantes |
Porta-bagagens (traseiro) | 313 litros na versão Brabus (323 L nas outras versões) |
Compartimento dianteiro (frunk) | 15 litros |
Galeria de Imagens
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Dá para perceber que o carro é rápido e tecnológico, mas também utilizável no dia a dia e fica muito bem enquadrado no mercado através deste teste. E gosto muito dos vossos vídeos, sem quererem aparecer mais que o carro, como muitos por ai. Parabéns
Matéria muito fácil de ler. Esse smart Brabus parece ser daqueles carros que mudam a perceção que tínhamos da marca, e o texto consegue transmitir isso sem exageros, com dados e sensações bem explicados.