
Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
1 de out.










A ACEA – Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis manifestou preocupação face à proposta da Comissão Europeia para prolongar e reforçar as medidas de proteção ao mercado europeu do aço.
Segundo a associação, que representa os principais construtores automóveis sediados na Europa, as novas condições poderão agravar a pressão sobre os custos de produção e ter um efeito inflacionista significativo no setor automóvel.
Atualmente, os fabricantes automóveis adquirem cerca de 90% do aço diretamente dentro da União Europeia, mas continuam a necessitar de importar determinadas qualidades e tipos de aço que não são produzidos localmente em volume suficiente.
A proposta agora apresentada pela Comissão prevê uma redução drástica das quotas de importação e o aumento das tarifas fora de quota de 25% para 50%, o que, segundo a ACEA, limitará fortemente a capacidade de aliviar a escassez de oferta no mercado europeu através de importações.
Adicionalmente, a introdução da nova regra de origem baseada no princípio “melt and pour” — que exige que o aço seja fundido e moldado no país de origem para ser considerado comunitário — trará, na visão da associação, um fardo administrativo elevado para as empresas que utilizam aço importado nas suas cadeias produtivas complexas.
A ACEA apela à Comissão Europeia para que analise o impacto das medidas por setor, sublinhando que a indústria automóvel depende de tipos de aço muito específicos, usados em carroçarias, estruturas de segurança e componentes de alta resistência.
Nos últimos sete anos de vigência das medidas de salvaguarda, as quotas destinadas aos aços automóveis esgotaram-se rapidamente, o que já tinha originado dificuldades de fornecimento.
“Reconhecemos o esforço do setor siderúrgico europeu no processo de descarbonização e partilhamos muitos dos seus desafios. No entanto, consideramos que os parâmetros propostos pela Comissão vão demasiado longe na proteção do mercado interno”, afirmou Sigrid de Vries, diretora-geral da ACEA. “Não contestamos a necessidade de alguma forma de proteção para uma indústria de base como a do aço, mas é essencial encontrar um equilíbrio entre as necessidades dos produtores e dos utilizadores europeus.”
A indústria automóvel continua a ser um dos pilares da economia europeia, responsável por cerca de 8% do PIB da União Europeia e empregando 13,6 milhões de pessoas, o equivalente a 8,1% de todos os empregos no setor manufatureiro.
Em 2024, o setor gerou €414,7 mil milhões em receitas fiscais para os governos europeus, manteve um excedente comercial de €93,9 mil milhões e investiu €84,6 mil milhões em investigação e desenvolvimento, o que corresponde a 34% do total de I&D da União Europeia.
A ACEA sublinha que a competitividade global da indústria automóvel depende fortemente da estabilidade das cadeias de abastecimento e da previsibilidade dos custos de matérias-primas como o aço — um elemento central na transição para veículos mais leves, eficientes e sustentáveis.
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