
Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
1 de out.



Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
15 de set.










Nos últimos dias, o assunto que mais ouvi — em conversas, grupos e até nas redações — foi o suposto aumento do IUC. Mensagens em tom alarmista, manchetes apressadas e vídeos virais davam como certo um agravamento do imposto a partir de 2026. E, como acontece tantas vezes, a dúvida espalhou-se mais depressa do que a verdade.
Por isso, decidi parar e tentar entender. E o resultado é simples: não há aumento do IUC anunciado pelo Governo. O que existe é uma proposta de mudança no momento e na forma de pagamento, nada mais.
A confusão começou quando surgiram publicações a afirmar que o cálculo do IUC iria mudar, passando a incluir emissões de CO₂ também nos carros matriculados antes de 2007 — o que, a concretizar-se, de facto significaria aumentos significativos. Só que não há qualquer documento oficial ou proposta em vigor nesse sentido. O próprio Governo veio esclarecer que as taxas não serão alteradas e que nenhum agravamento está previsto
O que está realmente está em discussão é uma reorganização do calendário de pagamento que passará a ser pago sempre em Fevereiro e não no mês da matricula do veiculo, além da possibilidade de pagar o imposto em prestações, quando o valor for superior a 100 euros. A ideia é facilitar o cumprimento e evitar esquecimentos e coimas, sem tocar no valor final a pagar.
Mas o problema maior não está no imposto em si — está na forma como comunicamos assuntos fiscais em Portugal. A linguagem oficial é, muitas vezes, técnica e distante. E, quando o tema mexe com o bolso dos portugueses, qualquer frase mal interpretada transforma-se num rastilho de confusão. A comunicação pública precisa de ser feita com clareza e objetividade: “Não há aumento. Apenas muda data, o prazo e a forma de pagar.” Ponto final.

Ao mesmo tempo, também nós — jornalistas, publicações e utilizadores das redes — temos a responsabilidade de não amplificar alarmes antes de confirmar os factos. A informação sobre impostos não pode ser tratada como clickbait. Cada partilha precipitada aumenta a desinformação e cria ansiedade desnecessária entre famílias, empresas e profissionais que dependem do automóvel.
E este é o ponto que mais me preocupa: a crise de confiança entre quem governa, quem informa e quem paga. O cidadão comum já parte do princípio de que “quando o Governo mexe, é para pagar mais”. E, quando não é o caso, parece que ninguém acredita. É o preço de anos de comunicação fiscal pouco transparente, que agora exige um novo contrato de confiança.
Para quem conduz, compra ou vende automóveis, o essencial é claro:
Não há aumento do IUC anunciado;
O valor devido mantém-se;
Muda o calendário e surge a opção de pagamento em prestações;
E sim, é legítimo debater se o modelo do IUC precisa de ser repensado para incentivar a renovação do parque automóvel — mas essa é outra conversa.
Hoje, o foco deve ser outro: restaurar a clareza. Porque, num país onde a mobilidade é cada vez mais cara e onde o automóvel ainda é essencial para milhões, a comunicação fiscal devia ser tão clara quanto a sinalização nas estradas. Quando há transparência, há confiança. E, sem confiança, o trânsito da informação continuará congestionado, cheio de rumores a travar a verdade na faixa da esquerda.
Artur Semedo / Editor PUBLIRACING
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