Mercado chinês de seguros automóveis deverá atingir 174 mil milhões de dólares até 2030

Setor beneficia do aumento das vendas de veículos e da rápida expansão dos elétricos

A indústria de seguros automóveis na China deverá atingir 174 mil milhões de dólares (1,2 biliões de yuans) até 2030, de acordo com projeções da GlobalData, que antecipa um crescimento médio anual de 5,4% entre 2026 e 2030.

Em 2025, o mercado deverá alcançar 953,7 mil milhões de yuans (133,1 mil milhões de dólares) em prémios brutos emitidos, refletindo uma expansão anual de 4,4%. O crescimento é sustentado pela retoma nas vendas de veículos, reformas regulatórias e pela maior penetração dos veículos de nova energia (NEV), como elétricos e híbridos plug-in.

Reformas e incentivos impulsionam o setor

De acordo com Swarup Kumar Sahoo, analista sénior de seguros da GlobalData, “as reformas no seguro obrigatório de responsabilidade civil e a crescente adoção de sistemas de telemática deverão sustentar o crescimento dos prémios entre 2026 e 2030”.

O especialista destaca ainda o impacto positivo de políticas de incentivo ao abate de veículos antigos e de subsídios à compra de novos automóveis, que variam entre 15 mil yuans (para veículos a combustão) e 20 mil yuans (para elétricos), no âmbito da política nacional de emissões National IV.

O governo chinês também mantém isenções fiscais de 10% sobre a compra de veículos, complementadas por reduções adicionais de 5%, medidas que têm contribuído para dinamizar o mercado.

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Crescimento expressivo dos elétricos

Os veículos de nova energia (NEV) representaram 49,7% das vendas de novos automóveis em 2025, segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM). Entre janeiro e julho de 2025, foram comercializadas 8,22 milhões de unidades, um aumento de 38,5% face ao mesmo período de 2024.

Esta expansão reflete-se no setor segurador: os NEV já são responsáveis por 15% dos prémios de seguro automóvel na China, e deverão tornar-se o principal motor de crescimento até 2030.

Com base neste potencial, fabricantes de automóveis estão a entrar no mercado segurador, utilizando dados dos veículos — como o estado das baterias, trajetos de condução e histórico operacional — para definir prémios com maior precisão. Em 2024, a BYD recebeu autorização para oferecer seguros obrigatórios de responsabilidade civil em oito regiões do país.

Novos modelos de seguro e desafios de rentabilidade

Os seguros para veículos elétricos têm prémios mais elevados, devido ao custo superior das peças e reparações. Para responder às críticas sobre preços excessivos, o regulador chinês introduziu orientações específicas para veículos elétricos, permitindo coberturas separadas para bateria e veículo, seguros baseados na utilização (UBI) e mecanismos de partilha de risco.

Mesmo assim, a sinistralidade média do setor subiu de 57,3% em 2020 para 70,0% em 2024, pressionada pelo aumento do custo das reparações e pela crescente presença dos NEV na frota segurada.

Digitalização e eficiência como prioridade

As seguradoras chinesas estão a investir fortemente em tecnologia para melhorar a experiência do cliente e reduzir custos operacionais. A aposta passa por plataformas integradas de serviços, processos de indemnização digitalizados, avaliação de danos com inteligência artificial e resolução célere de disputas.

O mercado caminha para um ecossistema de serviços interligado, em que a diferenciação de produtos e a automatização de processos serão essenciais para manter a rentabilidade.

Perspetivas até 2030

A GlobalData prevê que o crescimento do setor continue positivo até 2030, impulsionado pela expansão da frota elétrica, aumento da transparência nas reclamações e flexibilidade na definição de preços.

“A rentabilidade das seguradoras dependerá da capacidade de desenvolver competências atuariais específicas para veículos elétricos, integrar dados de telemática e automatizar a gestão de sinistros”, conclui Sahoo.

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