
Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
há 2 dias



Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
15 de set.


No xadrez do rali-raid mundial há duas peças que falam português e movimentam-se à velocidade de check-mate: Lucas Moraes (Brasil) e João Ferreira (Portugal). Jovens, rápidos e consistentes, ambos conduzem evoluções com preparações ligeiramente distintas da Toyota Hilux e chegam ao Rallye du Maroc (10–17 de outubro) como nomes incontornáveis na luta pelos lugares cimeiros da prova e do World Rally-Raid Championship (W2RC).
Desde a estreia no Dakar, em 2023, que Lucas Moraes vem a riscar metas históricas. No primeiro ano, subiu ao pódio absoluto do Dakar (3.º) — feito raríssimo para um “rookie” e nunca antes conseguido por um brasileiro. Em 2024, voltou a brilhar ao vencer uma etapa do Dakar e andando sempre entre os mais rápidos, reforçando o estatuto de referência entre os talentos da nova geração.
Em 2025, a sua curva de forma manteve-se em alta: depois de um campeonato muito sólido onde ainda tem possibilidade de título, venceu o último bp Ultimate Rally Raid Portugal, numa luta ao centímetro com o companheiro de equipa Henk Lategan, e encurtou a diferença no Mundial para Nasser Al-Attiyah para apenas 10 pontos. Foi, inclusive, o primeiro brasileiro a triunfar numa ronda do W2RC, sublinhando a dimensão histórica do resultado.
Ao volante da Hilux GR DKR, preparada pela Toyota Gazoo Racing e como piloto oficial da marca, Lucas combina velocidade de topo com gestão fina de ritmo e máquina — receita que tem sido a sua marca nos ralis de etapas longas.
Lucas trás um histórico de sucesso no maior rali do hemisfério sul, o dificílimo Sertões, disputado no Brasil e onde já venceu em 2019, 2022 e 2023.
Do lado português, João Ferreira viveu um setembro de afirmação. No bp Ultimate Rally Raid Portugal, assinou o melhor tempo na 2.ª etapa e assumiu a liderança geral com a sua Toyota Hilux T1+ Evo, batendo, nesse dia, vários “tubarões” do Dakar.
Poucos dias antes, tinha vencido a Baja TT Sharish (Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno), confirmando forma e confiança antes de Marrocos.
O currículo recente já o colocara no radar internacional — títulos nas Bajas e prestações de mão cheia em provas FIA —, mas 2025 está a cimentar o salto competitivo com a Hilux e estrutura Toyota, abrindo-lhe a porta de lutas cada vez mais próximas do topo do W2RC.
O piloto de Leiria, João Ferreira, trás um histórico de títulos e muitos sucessos, apesar de sua juventude.
Uma das grandes figuras do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno (CPTT), possui vários títulos no seu palmarés.
Títulos Portugueses (CPTT): João Ferreira conquistou três títulos de Campeão Nacional de Portugal de Todo-o-Terreno na categoria principal (Auto/Absoluto), notavelmente nas épocas de 2019, 2021 e 2023 (e um título absoluto na Taça de Portugal de TT, além de títulos nas classes T1, T3 e T8).
Títulos Europeus: Ele também conquistou o título da Taça Europeia de Bajas de Todo-o-Terreno (FIA European Cup for Cross-Country Bajas), na categoria T3, no ano de 2021.
Em resumo, o piloto tem três títulos nacionais absolutos no CPTT e um título europeu na Taça de Bajas no seu registo principal.
Moraes e Ferreira partilham a língua, o fabricante e a filosofia: ser rápidos sem desperdiçar carro. O brasileiro tem-se destacado pela constância em etapas longas e leitura de corrida — virtudes que o levaram a colher pontos gordos ao longo do ano e que podem ser fundamental agora no fim da época. Ferreira, por sua vez, tem uma agressividade controlada que lhe permite ser neste momento um dos mais rápidos e consistentes pilotos da nova geração do todo-o-terreno mundial.
O Rallye du Maroc (Fez–Erfoud, 2.299 km no total; 1.478 km cronometrados) volta a encerrar a temporada e a acolher a elite do rali-raid. Para Lucas, é a oportunidade de transformar pressão em pontos e atacar o título até ao último quilómetro.
Para João, é palco perfeito para confirmar estatuto entre os “grandes” numa lista de inscritos com todas as figuras e formações oficiais. Calendário apertado, especiais longas e navegação traiçoeira prometem separar os muito bons dos excecionais — e os dois lusófonos estão claramente no segundo grupo.
Não poderíamos deixar de falar do grande "trunfo" que é para João Ferreira ter a seu lado um dos mais experientes e respeitados navegadores a nível mundial, Filipe Palmeiro, que já foi navegador de muitos pilotos brasileiros, e que com a sua vasta experiencia, adquirida ao longo de muitas presenças no Dakar, vai, com toda a certeza, trazer mais confiança para o piloto português atacar as dunas marroquinas com a velocidade de quem sabe pode estar entre a elite do W2RC mundial.
Seja pela velocidade e frieza estratégica de Moraes ou pelo punch de Ferreira, a língua portuguesa está na linha da frente do rali-raid mundial.
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