Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
1 de out.


Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
15 de set.









ACEA alerta para paragens iminentes nas linhas de montagem devido à escassez de semicondutores básicos
A ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis) manifestou forte preocupação com o agravamento da crise dos microchips, que ameaça interromper a produção de veículos na Europa já nos próximos dias. A gravidade do problema foi antecipado em nosso Editorial que pode ler aqui.
A origem do problema está na proibição de exportação de chips produzidos pela Nexperia na China, uma consequência direta de tensões geopolíticas recentes entre Pequim e Haia. A decisão bloqueou o fornecimento de microchips simples, mas fundamentais, usados em unidades de controlo eletrónico de praticamente todos os veículos modernos — componentes responsáveis por sistemas como travões ABS, airbags, gestão do motor e climatização.
Segundo dados recolhidos pela ACEA junto dos principais fabricantes, os stocks de reserva estão a esgotar-se rapidamente, e algumas marcas já preveem paragens nas linhas de montagem nos próximos dias. Embora existam fornecedores alternativos, o setor alerta que serão necessários vários meses para compensar o défice de produção, tempo que as construtoras europeias não dispõem.
“Sabemos que todas as partes envolvidas estão a trabalhar intensamente para encontrar uma solução diplomática. No entanto, os nossos associados relatam que as entregas de componentes estão já a ser interrompidas”, afirmou Sigrid de Vries, diretora-geral da ACEA.“Isso significa que as paragens de produção podem ocorrer a qualquer momento. É urgente que se encontrem soluções diplomáticas para evitar uma crise industrial de grandes proporções.”
A crise atual reflete a fragilidade da cadeia de abastecimento global de semicondutores, especialmente dos modelos mais simples — os chamados legacy chips — ainda essenciais para o setor automóvel. Enquanto a indústria de tecnologia de consumo utiliza chips de última geração, os fabricantes de veículos dependem fortemente de componentes produzidos em fábricas asiáticas que, em muitos casos, datam de há mais de uma década.
Com a produção europeia a enfrentar dificuldades crescentes, há receio de que a crise possa provocar atrasos generalizados na entrega de novos veículos, afetando não apenas o setor automóvel, mas também a indústria de componentes e fornecedores em toda a Europa.
O impasse teve início quando o governo neerlandês assumiu o controlo da Nexperia, uma produtora de chips sediada nos Países Baixos, mas com capital chinês. Em resposta, a China impôs restrições à exportação de semicondutores, afetando diretamente o abastecimento global.
A ACEA apela agora à mediação urgente entre os governos europeus e chineses, sublinhando que o impacto da crise se estende para além das montadoras, atingindo toda a cadeia de valor automóvel e colocando em risco centenas de milhares de empregos no continente.
Analistas da indústria alertam que, sem uma resolução rápida, a crise dos microchips poderá repetir o cenário vivido em 2021, quando as paragens nas fábricas resultaram em perdas de produção superiores a oito milhões de veículos a nível global.
“Estamos a assistir novamente à vulnerabilidade estrutural do setor europeu perante dependências externas críticas”, concluiu Sigrid de Vries. “A Europa precisa de acelerar a sua capacidade de produção local de semicondutores se quiser garantir a resiliência industrial a longo prazo.”
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