Artur Semedo - artur.semedo@publiracing.pt
1 de out.







Registos sobem 4,8% na Europa, com BEV e PHEV a ganharem peso, enquanto motores de combustão continuam a perder quota num contexto de transição ainda longe de ser linear.
O mercado europeu de automóveis novos registou em outubro de 2025 um crescimento moderado, sustentado sobretudo pelo avanço dos veículos elétricos a bateria (BEV) e dos híbridos plug-in (PHEV), num cenário em que os motores de combustão interna continuam a perder relevância, mas mantêm ainda um peso significativo nas escolhas dos consumidores. Os dados mais recentes da JATO Dynamics revelam uma evolução positiva em termos globais, embora marcada por fortes assimetrias entre países, marcas e tecnologias.
Em outubro, foram registados 1.088.275 automóveis de passageiros nos 28 mercados europeus analisados, o que representa um aumento homólogo de 4,8%. A Alemanha foi o principal contributo em volume absoluto, com mais 18.141 matrículas (+7,8%), seguida de Espanha, que voltou a evidenciar uma recuperação robusta com um crescimento de 15,4% (+13.260 unidades). A Polónia destacou-se igualmente, com uma subida de 9,7%, equivalente a mais 4.645 veículos.
O principal motor do crescimento foi a eletrificação. As matrículas de veículos 100% elétricos atingiram 224.351 unidades em outubro, um salto de 33% face ao mesmo mês de 2024. Esta evolução fez subir a quota dos BEV para 20,6% do mercado europeu, mais 4,4 pontos percentuais em termos homólogos.
Os híbridos plug-in apresentaram uma progressão ainda mais expressiva em termos relativos, com um aumento de 41%, totalizando 117.240 unidades. A quota deste tipo de motorização subiu para 10,8%, impulsionada sobretudo por novos modelos como o BYD Seal U PHEV e o Jaecoo 7 PHEV, que registaram aumentos relevantes em volume.
Em sentido inverso, os veículos equipados exclusivamente com motores de combustão interna sofreram uma quebra de 17%, com 348.794 unidades registadas em outubro. A quota mensal deste tipo de motorização caiu para 32,1%, menos 8,4 pontos percentuais do que no ano anterior. Ainda assim, somando motores de combustão e híbridos ligeiros, mais de metade do mercado europeu continua a depender de soluções convencionais, evidenciando uma transição mais gradual do que muitas vezes é percecionada no discurso político.
Na análise acumulada do ano, a BYD destaca-se como a marca com maior crescimento de quota de mercado na Europa, alcançando 1,3%, o que representa um ganho de 0,93 pontos percentuais e mais cerca de 102.000 registos face a 2024. A Cupra mantém uma trajetória ascendente, com 2,2% de quota (+0,57 pp), beneficiando do sucesso de modelos como o Terramar e o Tavascan.
A Škoda reforçou igualmente a sua posição, subindo para 6,3% de quota de mercado (+0,49 pp), impulsionada sobretudo pelo desempenho do novo Elroq e da mais recente geração do Kodiaq. A MG também merece destaque, ao aproximar-se das 250.000 unidades acumuladas no ano, superando marcas tradicionais como a Nissan e a Fiat.

Apesar da perceção de uma forte ofensiva chinesa no segmento elétrico, os dados mostram que não existe nenhuma marca chinesa pura no top 10 de BEV mais vendidos no acumulado do ano. O Tesla Model Y mantém a liderança com quase 115.000 unidades, seguido do Škoda Elroq, que foi o elétrico mais vendido de outubro, com 11.441 registos no mês e cerca de 71.000 no total anual. O Renault 5 surge logo a seguir no ranking mensal.
O retrato traçado pelos dados da JATO Dynamics confirma que a eletrificação avança a um ritmo sólido, mas coexistindo com uma base ainda muito relevante de soluções térmicas e híbridas. Este equilíbrio instável entre ambição climática, realidade industrial e comportamento do consumidor deverá continuar a marcar o debate europeu, sobretudo à medida que se aproxima a revisão das metas de 2030 e da proibição de novos veículos a combustão em 2035.
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